Numa manta de retalhos coloridos, os meus dedos escolheram a cor mais forte, mais viva, mais macia...toquei e fundi-me numa teia fantástica de pequenos fios entrelaçados que compunham o quadradinho que o meu indicador escolheu.
Deixei-me ali estar, vi um planeta novo. Sentei-me numa forma redonda, a ver um rio azul que corria para o lado do vento, com cheiro a frutas frescas. Reparei também que cantava, uma melodia calma e envolvente que me deixou subitamente feliz por ali estar, viva.
Neste momento, eu era do tamanho mais pequeno que ja me tinha sentido, microscópico talvez. Mas estava num mundo a minha medida, onde tudo me parecia diferente. Continuei a andar, encontrei uma parede esponjosa, de um amarelo brilhante, que me acolheu o corpo, como que me moldando a ela. E o corpo entranhou-se naquela massa. Deixou de existir,planava, levitava, somente pensava pois eu já só era um pensamento, uma sensação...
Portugal, o País-Zombie
Há 12 anos