terça-feira, 4 de maio de 2010

Sob o sol abrasador de um deserto perdido, ela andava... trilhava um caminho já decidido, já trilhado.

Queimava-lhe a pele, queimava-lhe os sentidos, respirava ofegante 
Tentava manter qualquer réstia de sanidade.

As mãos, já não o eram. Só despojos de um qualquer membro. Cansadas, desfeitas, ressequidas.

Os pés. Ainda os tinha?

Como uma cobra, rastejava, ondulante, numa duna de sal. Esfregava-se, exorcizando a sua pele de pecados de fúria, prazer, orgulho.

A pele caiu, ficou esquecida no caminho.

Quando a encontrei, vinha nua. Cansada, queimada, tanto que a confundi com uma qualquer miragem, um espectro da minha própria imaginação.

Peguei nela, estava morta. Morreu nos meus braços, sem me dizer quem era.